sexta-feira, 2 de maio de 2014

Senna - The Only One

Fez ontem 20 anos que Senna partiu e deixou entre nós uma saudade imensa, e, ao recordar Senna, a palavra saudade passa para outra dimensão,ela sai da dor que sentimos ao recordar a sua morte tão prematura e viaja para a emoção de viver o valiosíssimo legado  que ele nos deixou. Lembro-me perfeitamente do dia em que Senna partiu, lembro-me do acidente que vitimou Roland Ratzenberger nos treinos de qualificação, lembro-me de estar em casa a estudar para a frequência de Física Geral cujo exame iria ter na semana seguinte, lembro-me do acidente de Pedro Lamy logo na partida inicial da corrida, lembro-me do Williams-Renault conduzido por Senna embater contra os muros da curva Tamburrello, lembro-me que o seu corpo permaneceu imóvel dentro do carro após o embate, lembro-me de Schumacher ter ganho a corrida, lembro-me da notícia da morte de Senna, lembro-me do meu irmão a chorar... Passados 20 anos destes estas recordações encontram-se perfeitamente vivas na minha memória.


Apenas Senna conseguiu que uma pessoa como eu, que não ligava, nem liga, nenhuma a Fórmula 1 nem a qualquer outro desporto motorizado, ficasse presa ao ecrã da televisão e se emocionasse com qualquer corrida, desde a primeira até à última volta, em que ele participasse. Senna era único e com ele a Formula 1 ganhou vida, com Senna o desporto foi mais do que aquilo que é hoje ou do que aquilo que foi antes dele e, acredito, do que aquilo que algum dia virá a ser.
Nessa altura eu assistia a uma corrida de Fórmula 1 porque, quando Senna corria, eu não assistia ao desporto em si nem ao imenso talento que ele possuía mas, assistia sim, ao homem que ele era.

Há 23 anos atrás, em 1991 no GP do Brasil, ele mostra ao mundo inteiro que chavões, tão falados nos dias de hoje, como a força de vontade, o quebrar de barreiras, o querer muito um objetivo, o ir mais além, entre outros... São verdades que não existem apenas  nos livros. Com essa vitória ele alcança o impossível e personifica a palavra superação.


Já em 1992 arrebata-nos a todos com a sua atitude no momento em que pára o seu carro e socorre Erik Comas que tinha  sofrido um grave acidente em pista.


Em 1993, no GP da Europa, conseguimos assistir não ao só ao seu enorme talento mas também a toda a sua capacidade estratégica. Nesse GP, quando a grande maioria dos pilotos rolava em pneus de chuva, ele deslizava em pneus de pista seca num circuito encharcado de água e ultrapassava vários adversários acabando por ganhar a corrida com um carro bastante inferior ao Williams-Renault do seu grande rival de sempre, Alain Prost.

Em 2010, no dia em que Ayrton Senna faria 50 anos, o programa "Top Gear" apresenta uma fantástica reportagem sobre o piloto e, nessa reportagem, os seus autores conseguem mostrar muito daquilo que ele foi e que ainda hoje vive entre todos nós. Gosto particularmente quando, durante essa reportagem, é referido que ele possuía uma talento divino, porque era mesmo isso, ele possuía o talento, mas não era apenas esse talento que o tornava naquela pessoa tão especial, ele irradiava uma luz à qual era impossível ficar indiferente assim como, era impossível ficar indiferente às suas ultrapassagens miraculosas, se houvesse uma oportunidade de ultrapassar o adversário, oportunidade para ele, porque para qualquer outro piloto essa oportunidade não passaria de um buraco negro e fechado, ele não hesitava e seguia em frente, independentemente das consequências que daí pudessem advir.
O seu jeito de criança, a sua rebeldia serena... Meu Deus, tantas coisas que faziam de Senna uma pessoa tão especial.


Senna, 20 anos de saudade.


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