terça-feira, 28 de maio de 2013

Taça de Portugal 2013, Eu no Jamor

Fui ao Jamor viver por dentro a festa da Final da Taça de Portugal. Deixei o carro numa zona residencial perto da entrada pelos topos, não fazia a mínima ideia onde é que era a minha entrada, a Entrada Tribuna. Segui as pessoas vestidas de vermelho e quando dei conta estava à porta da Entrada Maratona, voltei para trás e tive de dar meia volta as estádio para chegar à Entrada Tribuna. Enquanto caminhava para lá senti que me estava a afastar do estádio, andei pela mata do Jamor, andei pelo meio da estrada (estava cortada ao trânsito) e, já exausta e depois de tanto tempo a andar, voltei a ver uma entrada para o estádio, fiquei tão contente quando verifiquei que era a Entrada Tribuna. Vivi algumas das razões apontadas por muitos para que Final da Taça de Portugal seja jogada noutro estádio, num dos estádios construídos para o Euro 2004, mas nem por isso passarei a fazer parte do conjunto de pessoas que defende que a Final da Taça de Portugal deve deixar o Jamor, é lá que o verdadeiro espírito da festa da Taça de Portugal é vivido e, se a final fosse jogada noutro estádio, perderia grande parte do encanto e da magia que envolve a festa. O que seria das famílias que vão passar o dia ao Complexo Desportivo do Jamor e que levam almoço com tudo o que têm direito e que estão em pleno convívio até à hora de irem para o estádio? A Final de Taça de Portugal continuaria a ser jogada mas a festa que a acompanha e consequentemente o que de mais puro o futebol tem ficaria aprisionado no Jamor.
Eu já tinha estado presente numa Final da Taça de Portugal, foi há vinte anos atrás no Benfica 5-Boavista 2. Nesse ano, tal como este ano, cheguei ao estádio muito perto do início da partida, mas nessa altura não havia lugares marcados ou as pessoas não respeitavam os lugares marcados e então eu vi o jogo no meio da mata do Jamor, foi lá que festejei os cinco golos do Benfica.


Já dentro do estádio, o ambiente estava fenomenal, estava um clima de festa absolutamente fantástico. O Benfica tem um ativo que nenhum outro clube tem, os seus adeptos, são eles que fazem a diferença, são eles que fazem com que o Benfica seja o maior clube de Portugal e um dos maiores clubes do mundo.
Cantei o hino nacional e arrepiei-me à medida que o fui cantando, o jogo começou e eu apoiei a minha equipa em todos os momentos, o Vitória marcou o golo do empate e eu pensei que não queria que houvesse prolongamento, queria que o jogo ficasse resolvido dentro do período regulamentar, Ricardo marcou o golo que colocou o Vitória em vantagem e de repente a visão de prolongamento pareceu-me muito agradável. Mas tal não aconteceu, ao invés disso chegou o apito final do árbitro e com ele a terceira final perdida pelo Benfica pelo resultado de 2-1. Quando o jogo terminou eu tentei ir-me logo embora mas é claro que naquele estádio isso seria impossível, demorei tanto tempo a sair que no trajeto que fiz desde o meu lugar até à saída do estádio, por entre a tristeza da derrota e falta de paciência naquele momento em ouvir o hino do Vitório, tive tempo mais que suficiente para tentar perceber o que se passou naquele jogo. No passado domingo o Benfica fez o mínimo para ganhar e os seus adeptos não mereciam que a equipa tivesse feito apenas o mínimo, depois do apoio incondicional que receberam durante toda a época e em particular naquele jogo, a equipa tinha que ter presenteado os adeptos com uma grande jogo e uma grande vitória. Foi o último jogo de uma época muito dura para todo o universo Benfica e, nesse jogo, a equipa tinha que se superar, levar as suas forças ao limite e concentrar-se apenas naquele jogo. Desta vez eu não aceito a falta de sorte como justificação para a derrota na Final da Taça de Portugal,  fazer um jogo fraco não é falta de sorte, desconcentração não é falta de sorte.

O Benfica é enorme e o caminho do Benfica é o caminho da vitória e, no desporto como na vida, tantas e tantas vezes o caminho correto é quase sempre o mais difícil. Agora que a época terminou é preciso refletir sobre tudo que se passou, corrigir os erros, que é para isso que os eles servem, para que possam ser corrigidos, e preparar o futuro. Benfica sempre!

“Obstáculos são aquelas coisas assustadoras que você vê quando desvia os seus olhos da meta.”
Henry Ford

Taça de Portugal 2013, As Minhas Fotos

Deixo aqui algumas das fotos que tirei na Final da Taça de Portugal. Lamento mas não tenho fotos da festa do Vitória de Guimarães pois já não me encontrava dentro do estádio.









sábado, 25 de maio de 2013

Alameda das Tílias em Coimbra

Eu gosto de Coimbra, não sou daquelas pessoas que vive ao máximo a cidade e que a respira por todos os poros, mas gosto de Coimbra. Apesar de ser uma cidade pequena, é uma cidade bonita, agradável e que consegue transmitir magia. Coimbra está repleta de lugares encantados e, tenho a certeza que desconheço a grande maioria mas, para mim, existe um lugar na cidade que me consegue transmitir todo esse encantamento, a Alameda Dr. Júlio Henriques ou, como também é conhecida, a Alameda das Tílias. Quando era estudante passava por lá a pé inúmeras vezes, descia desde a Universidade até ao Arcos do Jardim, admirava a magnificência do monumento e caminhava por essa alameda que mais parece uma floresta encantada.
A Alameda das Tílias consegue-nos transmitir todos os sentidos, o som suave do vento por entre as folhas das árvores, a beleza de um raio de sol que quando trespassa uma folha reflete no ar mil e uma cores e nos transmite uma visão única ao mesmo tempo que aquece o coração, o cheiro e o sabor adocicado que pairam no ar  quando as tílias florescem. Fazer aquele caminho recetivo a deixar-se envolver por todos os sentidos é uma experiência maravilhosa e que todos os conimbricenses e visitantes da cidade se deveriam permitir a experimentar pelo menos uma vez na vida.












terça-feira, 21 de maio de 2013

A Minha Ida à Luz

No domingo passado fui ao Estádio da Luz ver o meu Benfica. Durante a semana falei com amigos benfiquistas e, alguns deles, ainda mantinham a secreta esperança de o Porto não ganhar em Paços de Ferreira dando, desta forma, hipótese ao Benfica de sagrar-se Campeão Nacional. Também o meu irmão, que não é benfiquista, é da Académica de Coimbra, comentou comigo que acreditava que o Benfica ainda poderia ser campeão e, até o meu pai me disse que ainda acreditava que poderia acontecer um milagre, e isto até poderia significar alguma coisa pois o meu pai é a pessoa mais negativa que eu conheço e no que toca a Benfica não é diferente, aliás, é muito pior, para ele o Benfica perde todos os jogos mesmo antes de começarem. De certeza que eles não foram os únicos a acreditar, houve mais pessoas que o fizeram, mas eu não fui uma dessas pessoas, eu não acreditei que toda a energia que existe no Universo conspirasse a nosso favor, depois de termos perdido com o Porto da maneira que perdemos, por uma razão que eu ainda hoje desconheço, penso que Deus não queria que o Benfica fosse campeão e, para mim, o campeonato já tinha ficado decidido no fim-de-semana anterior. Mas apesar de tudo isso não deixei de querer comparecer no Estádio da Luz para aquele que foi o último jogo jogado em nossa casa de uma época extremamente sofrida. Eu tinha que estar presente, tinha que receber e aplaudir a equipa e também agradecer aos jogadores, equipa técnica, restantes adeptos e a todo o universo Benfica o futebol maravilhoso que tive a oportunidade de assistir. Assim foi, assisti ao jogo no estádio, ergui o meu cachecol bem alto no momento em que foi tocado o Hino do Benfica, cantei, aplaudi, festejei os três golos do Benfica, chateei-me com o golo do Moreirense, e no final, quando os jogadores se encontravam no centro do terreno a aplaudir os adeptos, aplaudi mais uma vez a minha equipa.
Ainda sobre esta época, recordo-me de depois do Porto-Benfica ter ouvido tantas “mentes iluminadas” criticarem o comportamento dos jogadores do Benfica no final do jogo contra o Marítimo, não percebem nada do comportamento humano, não percebem que a vida é feita de emoção e desconhecem por completo o que é lutar por alguma coisa na vida. A reação da equipa no final do jogo com o Marítimo é a reação normal de uma equipa unida em torno de um objetivo, é a reação normal de uma equipa que todos os dias sofre e trabalha para a concretização desse objetivo e que sente que ultrapassou um obstáculo difícil, será assim tão difícil de compreender? Criticar o comportamento do Benfica devido à reação que os jogadores e equipa técnica tiveram no fim daquele jogo é optar pela crítica fácil e demonstra pouca vontade de pensar, apenas isto.
Campeões não são apenas aqueles que ganham títulos, isso é um pensamento tão redutor. Eu não estou a falar de vitórias morais, porque isso para mim não existe, estou a falar de entrega, de força e daquela vontade que cada um tem dentro de si, estou a falar de capacidade de sofrimento, estou a falar de paixão, estou a falar de querer, estou a falar de tantas e tantas coisas que fazem um campeão e tenho a certeza que tudo aquilo que o Benfica passou vai unir ainda mais a equipa e fazer com que na próxima época estejam ainda mais fortes.

Benfica sempre!





sábado, 18 de maio de 2013

O Meu Smart e Eu

Eu sou uma mulher da cidade e, como mulher da cidade, estou rendida ao meu Smart Fortwo. Para quem anda na cidade, o Smart tem inúmeras vantagens, mas é claro que a maior de todas essas vantagens é o estacionamento. Tenho sempre lugar garantido à porta do ginásio (exceto quando existe alguém que decide deixar metade do carro em cima do passeio). E hoje, mais uma vez, encontrei o lugar do costume à minha espera. Foi só estacionar o meu minorca e seguir para a aula de GAP.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Orgulho em Ser Benfica, Sempre!

A vida é injusta e, se o futebol faz parte da vida, porque é que o futebol não haveria também de ser injusto? É esta a primeira coisa que me vem à cabeça depois daquilo que se passou ontem na Arena de Amesterdão e, de sentir de uma maneira tão próxima, quanto um jogo de futebol pode ser tão cruel.
O que eu vivi ontem quando o Chelsea marcou o golo ultrapassou a tristeza de um golo sofrido pelo Benfica. Os jogadores fizeram tudo para ganhar o jogo, desde o primeiro instante que senti que aquela equipa, a minha equipa, estava unida, focalizada apenas na vitória daquele jogo e em resgatar o Benfica para o lugar da História que o clube merece ocupar.
Ontem a equipa deixou tudo em campo, foram uns heróis, depois da desilusão sentida no passado sábado só uma equipa com uma mentalidade muito forte poderia ter reagido com tamanha força e tamanha vontade. Foram uns guerreiros dentro de campo, entregaram-se à luta e foram muito além do limite das suas forças superando-se em todos os momentos do jogo. Fizeram tudo para que o resultado fosse outro. E isto é futebol? Isto é vida, e o futebol faz parte da vida, por isso sim, isto é futebol. A vida é assim, o futebol é assim. Tantas e tantas vezes tenta-se tudo e nada dá certo e, cada um, no seu íntimo, pensa que já fez tudo para que alguma coisa corra bem, e que por mais que tente, nunca nada irá correr bem. A vida é assim, o futebol é assim. E o que é que se pode fazer a seguir? No futebol como na vida, há que procurar sempre dentro de cada um a força que se desconhece ter e continuar a lutar, continuar sempre a lutar. No próximo domingo joga-se a última jornada do campeonato e no domingo seguinte é a final da Taça de Portugal, dois jogos para lutar pela vitória e por tudo aquilo que essa mesma vitória envolve.

Benfica sempre, sempre.







"Só nós sentimos assim! Por muitos desgostos que possamos ter, valores mais altos se levantam, e o valor mais alto que se levanta, chama-se Benfica!" 
Mário Wilson

terça-feira, 14 de maio de 2013

O Ponto Certo

Há uns anos atrás tirei o nível I de coaching, Coaching Orientado para Liderança e Excelência, pelo ISPC, International School of Professional Coaching. A minha intenção nunca foi ser coach, o meu pensamento na altura, pensamento que continua a ser o mesmo nos dias de hoje, era que apenas queria conhecer melhor os fundamentos do coaching e também saber como ter uma atitude coach em certos momentos da vida. Esse objetivo foi conseguido e, ainda hoje, além de em certas alturas da minha vida ter essa atitude coach para com os outros, acima de tudo, promovo o auto-coaching e isso ajuda, e muito, ajuda a conseguir alcançar alguns dos objetivos que traço para a minha vida. Ainda sobre coaching, lembro-me que no primeiro dia do curso o Eng. Viana Abreu questionou-nos sobre a razão de estarmos ali, eu respondi que, como o próprio tinha dito num seminário sobre o tema que tinha decorrido na Exponor, o coaching é a arte de brilhar e fazer os outros brilhar e isso, são duas coisas que eu adoro, foram essas palavras que acima de tudo me fizeram tirar o curso.



Ao longo do curso o Eng. Viana Abreu mostrou-nos alguns vídeos que se encontram no You Tube, deixo aqui ficar um desses vídeos. Gosto muito deste vídeo porque, de uma maneira tão leve, consegue-nos transmitir sentimentos tão agradáveis, mas não só isso, através de uma mensagem simples consegue passar de uma forma clara que para conseguirmos aquilo que queremos na vida “apenas”, e é claro que apenas tem que estar entre aspas, temos que começar por um ponto, ou como vulgarmente costumamos dizer, dar o primeiro passo. 


“Cada pessoa tem dentro dela um fragmento de boas notícias. A boa notícia é que cada um de nós não sabe, o quão extraordinário pode ser! O quanto pode amar! O quanto pode alcançar! E qual é o nosso potencial!”

Anne Frank

domingo, 12 de maio de 2013

Benfica Sempre

O meu coração encontra-se mergulhado numa tristeza infinita mas, apesar de toda esta tristeza, desilusão e sei eu lá mais o quê... Só há uma coisa que eu posso dizer: Benfica, sempre!



sábado, 11 de maio de 2013

Benfica Sempre!

Como dizia o Luisão, o nosso grande capitão, num tweet há uns dias atrás, “uma imagem vale mais que mil palavras…”


E o nervoso miudinho que já começa a apertar... Hoje é a noite!


Os adeptos do Benfica são sem sombra de dúvida o maior ativo do clube. Esta semana os jogadores e equipa técnica do Benfica foram surpreendidos, durante um treino que decorria à porta fechada no Campus Futebol Caixa, por uma iniciativa maravilhosa dos seus adeptos, eles alugaram uma avioneta que sobrevoou o relvado onde decorria o treino e preencheu o céu com uma frase motivacional: “ESTAMOS CONVOSCO! VENÇAM POR NÓS! ADEPTOS SLB”. Esta iniciativa foi paga por um conjunto de adeptos do Benfica, cada um contribuiu com o que quis, sendo que o valor mínimo para participar foi de 1€, o excedente foi entregue à Fundação Benfica, lindo demais.


Estamos sempre convosco! Força Benfica!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Instante Mágico

Deus dá-nos, todos os dias, um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não nos apercebemos desse momento, que hoje é igual a amanhã, mas quem presta atenção ao seu dia descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido no momento em que enfiamos a chave na porta de manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Mas este momento existe - um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres.
A felicidades às vezes é uma bênção - mas geralmente é uma conquista.
 
Paulo Coelho
 

Vamos passar a estar mais atentos ao nosso dia para não deixarmos escapar os instantes mágicos que nos perseguem e que tantas  vezes fingimos não os ver.
 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Futebol e Eu, o Benfica

Eu adoro futebol e adoro o meu clube, o meu Benfica. Quando decidi criar o meu blog  sabia perfeitamente que iria escrever sobre futebol e sobre o Benfica algumas vezes, a minha paixão é tão grande que seria inevitável não falar sobre o tema, mas, quis tardar ao máximo esse momento. Hoje, o dia seguinte ao Benfica ter perdido 2 pontos para a Liga e consequentemente a situação confortável que tinha em termos pontuais na classificação, é o momento ideal.
Futebol é espetáculo, futebol é paixão, futebol é magia dentro de quatro linhas… É o remate a rasar a barra, é o penalty que o guarda-redes defende, é o passe bem medido a rasgar o campo, é a defesa impossível do guarda-redes, é a bola no poste, é o golo de levantar o estádio. Sem dúvida, futebol é espetáculo e paixão, e a paixão pelo futebol não se explica, sente-se. Paixão irracional, dizem uns, mas o ser humano não é apenas racional, e ainda bem que não o é porque se o fosse, não se permitiria ao envolvimento passional com o futebol e deixaria de experimentar e viver todas as emoções que este desporto traz à sua vida.

Além de tudo isso, o futebol tem o dom de conseguir diluir classes sociais como nenhum outro espetáculo o consegue, é impossível ficar-se indiferente às lágrimas de homens, mulheres, jovens, idosos e crianças, de todos os níveis e classes sociais, emocionados diante da alegria da vitória ou da imensa tristeza e deceção que a derrota pode trazer. Lembro-me perfeitamente de há 20 anos atrás ter ido ao Jamor ver a final da Taça de Portugal entre o Benfica e o Boavista. Foi um grande jogo de futebol e o Benfica ganhou por cinco bolas a duas, recordo-me de no fim do jogo ter passado por um bairro social e de ter visto inúmeras crianças a festejar efusivamente a vitória do Benfica, eu achei aquele momento tão maravilhoso quanto comovente.
Futebol é um espetáculo fascinante e só quem vive o futebol de maneira apaixonada pode perceber como uma vitória do nosso clube pode encher a alma e preencher a vida com uma alegria inebriante.
"Para o diabo vá a razão quando o futebol invade o coração."
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 7 de maio de 2013

Queima das Fitas de Coimbra

Ontem ao início da noite passei pela Praça da Republica em Coimbra, o cortejo com os carros das diversas faculdades tinha passado há pouco tempo, ainda se sentia no ar todo o espirito da Queima coimbrã. Apesar de já ter vivido esta fantástica experiência há tanto tempo, senti-me de novo envolvida pelas emoções da maior festa académica do país.
Eu adorei toda a minha vida académica mas há três momentos que me marcaram de uma maneira especial, o dia do cortejo em que fui no carro, a bênção das pastas e o último cortejo, aquele em que fui com a minha cartola azul clara e fita branca.
Gostei muito de ter ido no carro, foi um dia absolutamente fantástico, divertidíssimo, São Pedro ajudou imenso, quase sempre chove no dia do cortejo da Queima das Fitas de Coimbra mas, nesse ano, estava um dia de sol lindíssimo. Mas, acima de tudo, aquele dia magnifico não teria sido possível se não fosse o trabalho conjunto de todos os elementos que participaram no carro, juntos criámos o melhor carro de Engenharia de Materiais de sempre, “A Árvore dos Matafúrdios”!


No último ano, a bênção das pastas e a participação com a minha cartola no cortejo  foram momentos únicos. É o soltar de imensas emoções, é sentir uma alegria enorme por terminar uma etapa tão importante da nossa vida, é partilhar essa mesma alegria com todos os que estão a viver a mesma experiência, é sentir esperança no futuro, é sentir tudo isto e muito mais.
Os anos de vida académica são sem dúvida alguma, anos maravilhosos, para mim, foram anos de muito trabalho, muito divertimento, também alguns momentos menos bons mas, acima de tudo, de convívios únicos e amizades que ainda hoje perduram. 

“Coimbra dos estudantes
E das tricanas bonitas,
Das noites inebriantes
Da tua Queima das Fitas…”
Fernando Reis Costa

domingo, 5 de maio de 2013

Para Sempre, Mãe

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho

Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Elogio ao Amor

Miguel Esteves Cardoso lançou no passado sábado o seu novo livro, "Como é Linda a Puta da Vida". Este livro é uma compilação de algumas crónicas que o autor escreveu para o jornal Público, para outros jornais e revistas e, também, de algumas crónicas desconhecidas do grande público pois nunca foram publicadas. Quando li o prefácio do livro houve uma frase que me fez sorrir e voltar atrás para ler novamente essa mesma frase: "Este livro não é o princípio de uma vida nova; Deus me livre. É a celebração de uma vida velha, cheia de novidades que envelhecem mais devagar do que eu." Absolutamente fantástico!
Quando soube que MEC iria lançar um novo livro veio-me logo à cabeça um dos seus textos, o "Elogio ao Amor". "Elogio ao Amor" de MEC é um dos mais belos textos alguma vez escrito sobre o amor, mas não só, é também um retrato cada vez mais fiel dos dias de hoje. Eu sei que este texto é antigo, eu sei que já quase toda a gente leu este texto, mas eu também sei que este texto é tão lindo, que é sempre bom voltar a lê-lo mais uma vez.


Elogio ao Amor

Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa.
Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Miguel Esteves Cardoso